26 dezembro 2010

Natal e ano novo

Aquele periodo estupido entre o natal e o ano novo, acontece depois da fantasia infantil, sublimada em lendas dispostas para que se acomodemos numa disposição pontual de altruísmo, e olhar á podridão da vida sem mérito, fé, ou virtuosidade. Oferecidas as prendas, recebidos os presentes, confraternizada a familia e amigos, voltamos á terra onde a magia natalicia se esvai como um nevoeiro matinal por entre os raios de sol; os sem abrigo deixam de ser noticias, as empresas param com a utilização do natal desdobradas em tecnicas de marketing, tais como doações, promoções, liquidações, descontos e prémios, de modo a parecer que se interessam por outras coisas que não sejam o lucro, as instituições de apoio social, mostram-se pintadas de rosa e azul celeste apesar do aumento da procura aos serviços prestados, devido á degradação do nível de qualidade de vida do português, e destas mesmas nas suas dificuldades financeiras, apesar da mobilização para a consciência social, e sensibilização das empresas para o bom uso dos já referidos lucros, cujos excedentes serão parcialmente doados, via consumo extra de seus produtos.
As questões do ano novo são simples: basicamente, renovar a esperança de dias melhores, conotados com uma nova fase temporal.
O resto tem a ver com onde, como e com quem passar os últimos instantes de mais uma volta ao sol. A celebração em si não passa de mais um cliché, para justificar certos comportamentos e cuja amplitude da memória mais recente, amplifica ou retrai consoante o que se deseja para nós e para os nossos, as expectativas logradas não o tornem a ser. Passa o ano, passa o êxtase.
Na TV os responsáveis políticos, repetem os discursos de natal substituindo generosidade por esperança. Alienados que estão dos efeitos das próprias ideias e práticas politicas, disfarçados de sentido de estado, a tentar colar os cacos da integridade humana pela austeridade. Nada de novo, portanto, senão datas que se celebram quase em conjunto mas por ordem consecutiva, desta feita colado ao fim de semana, num sitio onde a produtividade é um deficit, e a cultura de mérito laboral é trocada pela cunha. Emigram os melhores, portanto ou por tão pouco, restando assim as ovelhas que se deslocam ás urnas cantando o fado da própria sina.
O natal já passou, a redescoberta do seu significado foi feito: a alegria das crianças em dádivas múltiplas sem causa aparente, a minha porque não compreende o calendário ou as horas, duvida do pai natal e ainda não tem fé cristólica.
Este periodo entre o natal e ano novo, é aquele imediatamente antes do desespero de janeiro. O melhor remédio será então não entrar em euforias mesmo que a época seja propicia, para depois não entrar em depressão. Para pessimismo, já chega ver os noticiários e as opiniões jornalisticas, das agências de rating, os debates idioticos da campanha presidencial, e para quem não tem TV por cabo, os filmes repetidos tipo "sozinho em casa", e o finais de reality shows, em galas babadas de importancia vital.
Por isso, e melhor que um ano novo, é mesmo um novo ano.

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