07 janeiro 2011

Sobre Mim

Obter o reconhecimento, para alguém vaidoso, é o alimento do ego. No meu tempo de dj, bastava-me uma pessoa a dançar para justificar o esforço, como malabarista pelo seu lado, só de observar um companheiro de artes circenses mais habil na minha especialidade, para não tirar as bolas do saco.
O viver das artes, implica a exposição publica, o escrever, uma disposição própria para divagar pela nossa imaginação e na sua transposição em palavras, tal como explicar o indefinível: o amor, ou uma trip de LSD.
Já experimentei teatro, musica, pintura, escultura, banda desenhada, artes circenses, literatura. Pinto a cidade com stencil, sonetos, e citações em latim. É assim a unica forma de vaguear manco em ruelas tortas e reconhecer-me pela calçada gasta duma cidade fantasma.
Já fui jardineiro, recepcionista, fiel de armazem, copeiro, barman, servi ás mesas, e dei serventia, laborei em linhas de produção de carne, chips, betão, metal e cartonagem, cozinheiro, masseiro, fiz animação de fogo em raves, discotecas, na rua, infantários e lares de idosos, fui ajudante de sapateiro, ajudante de carpinteiro, trabalhei para a DHL, UPS, CANON, APPLE, fui voluntário, apanhei uvas, espargos, vendi aspiradores, contratos de telecomunicações da OPTIMUS e ONI, fui e sou também disc-jockey, e colaboro com a Google, Yolasite e a Dot.tk.
Já fui hippie, freak, metalico, punk, grunge, raver, rasta. Viajei de Amsterdam a Faro á boleia, a pé e de comboio. Okupei em Antuérpia e Amsterdam; conheci entre outros Madrid, Barcelona, Toulouse, Paris, Lille, Bruxelas. Habitei em Maastricht, Weert, Amsterdam, Setubal, Costa da Caparica e outros sitios menos vulgares como aldeias na holanda, Nunhem, Heythuisen ou Nederweert.
Há um ano que estou no mesmo sitio, a brincar ao aborrecimento e á procura de uma rotina sustentável para mim e para a minhas.
Sobre mim e refraseando uma história do pato donald em quadradinhos: "hoje faz colecção de borboletas vivas, amanhã plantação de abortoaduras amassadas".

06 janeiro 2011

Sem Titulo

Évora, 19h13m dia 5 de janeiro 2011.
Em casa, numa rua de paredes humificadas em tons de verde pela ausencia de sol, tapado pela nave a norte da sé catedral. Junto ao ponto mais alto da cidade, o sair de casa implica descer até ao centro nevrálgico da pseudo-urbe, pelas vielas povoadas de turistas com os quais me cruzo junto ás lojas de souvenirs. Para evitar-lo, desço pelas traseiras da sé, passando rente á janela da casa do Garcia de Resende e posso optar entre subir até junto ao polo da CME, ou seguir até junto á messe de sargentos. Por outro lado posso ir até á rua privada da fundação eugénio d´almeida, descer até junto á igreja da universidade e seguir até ao hide park eborigene. Todos os caminhos concêntricos, dão até á praça do giraldo, onde nos apercebemos que andamos ás voltas sem chegar a lado nenhum. O passeio dos pobres como diz um amigo meu, é o caminho que compreende as portas de moura e o jardim das canas e o inverso, a coberto das arcadas, cumprimentando quem por nós passa com mais ou menos afecto ou atenção, indiferentes ás suas dores, alegrias, ou expectativas, demasiado preocupados por vezes com a nossas próprias fezes.
O parar num estabelecimento comercial para tomar café, tem muitas vezes a ver com o facto de estabelecer um roteiro alternativo e uma meta.
Por falta do que fazer, as gentes desta terra drogam-se, mais e mais, altos, magros, gordos, verdes, ricos, lindos. Todos. Uns são mais conhecidos, outros mais betinhos. Para comprar, ás vezes é facil outras nem por isso depende do que se quer e quem se conhece. A unica certeza que tenho é de que se compra, quase impunemente, há mais de uma decada cavalo, numa zona da Malagueira onde o monopólio social, é da pertença de um grupo étnico especial.
Muitos de nós fumam ganzas, que um ou outro tem para vender.
Ganzados ou caretas, as voltas na cidade d´évora, são sempre as mesmas, como cobras que se engolem mutuamente.

04 janeiro 2011

Economia

Eco-casa, nomos-gestão. Ou seja, e como já diziam os gregos, gestão e neste caso financeira da casa.
Desdobrado em multiplas conversas com pessoas do mundo, e também recordando a minha própria experiencia fora do espaço limitado por fronteiras, invisiveis da lua (diga-se de passagem),
-como é que possivel viver com o dinheiro que se ganha em portugal, sendo que a mesma divisa monetária é comum a todos os estados da CEE?
-porque é que o mesmo trabalho humano, é remunerado de forma tão dispar, em comparação com quase todos os parceiros comunitários?
-e ainda, o dinheiro gasto em bens de 1ª necessidade, é maior do que por exemplo na holanda, sendo que o ordenado minimo lá é de (valores referentes a 2008) 1350€?
Ora bem, façamos as contas virtuais de um casal com 1 filho em idade escolar, ambos a laborar com um ordenado normal de 500€, casa arrendada.
1000€ de rendimentos liquidos, mais o abono de familia de 30€ mensais. A isto subtraimos (e agora sim), a renda, a conta da luz água e gáz, comunicações tais como TV por cabo, internet, telefone fixo e movel, alimentação, vicios como tabaco ou café, transportes que na ausencia do carro próprio a submissão aos publicos, despesas com educação e saúde.. isto vendo as coisas pelo minimo de gastos possiveis, pois que houver carro, prestações de empréstimos contraídos ao banco ou instituições de crédito, para consumo ou habitação, aí nem quero saber como se faz..
Vende-se o ouro, continuamente valorizado, (na falta de divisa e em situação como a actual de crise financeira mundial, orçamental, de valores e de fé), as joias de familia, cuja estima e hereditariedade se esfuma nas avaliações, e na extracção do joio ornamental.
Trafica-se a alma, o corpo, droga, ou outros bens de procura de mercado de rua.
Rouba-se, não por cobiça do alheio, mas por escassez de escrúpulos, usurpados pelo turbilhão da condição humana, em que a vida se torna um jogo de sobreviver ou subviver.
Quem aprende a "viver" nestas condições, apreciará melhor o fruto da humildade ou deslumbrar-se-á com a facilidade com que se goza a vida em comunidades, onde o facto de trabalhar significa ter a dignidade de viver em paz, futuro e alegria.

03 janeiro 2011

Insónia

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer os comentários e sugestões de todos os que aqui vem parar, e comigo partilhar da luta pela liberdade. A todos os super-heróis que se superaram na convicção, e determinação com relatos sentidos na pele da experiencia unica da desintoxicação opiacea. E ainda um especial obrigado a FLY, Joao e L, por me ajudarem a por as coisas sob outro ponto de vista.
O cavalo em Évora, é nomalmente tão mau, que a ultima ressaca, resumia-se a ansiedade por volta da hora de jantar e desejo de que a hora de durmir chegasse rapidamente antes que me decidisse a atravessar a cidade até um dos bairros limitrofes da mesma, em busca do placebo ao que eles chamam de bea, sim só se for mesmo bea pois que de heroina, só o aspecto final na prata..
São 4h da manha, daí o titulo deste post. E gostaria de falar de algo que de vez em quando me acontece, que é ao que denomino de ressaca onirica, ou seja sonhar que estás a ressacar, todos os sinais e sintomas, memórias de ressacas que tive enquanto estive na belgica e holanda, essas sim a sério, pois que a quantidade, qualidade e frequencia da coisa foi algo que cá na tuga é apenas uma quimera. Hoje enquanto durmia, sonhava nos suores e calafrios, no mau estar permanente e na não vontade de fazer o que quer que não fosse fumar, pois pá, é que se no meio de uma ressaca brutal de 2 ou 3 dias, no auge da cena, só mexia-mos o cu, para apanhar o autocarro até ao centro de maastricht, o comboio para weert e esperar. O percurso inverso, a fugir aos picas do comboio, fumar nos WC dos mesmos e tentar chegar a casa o mais depressa possivel, onde alguém exasperava pela chegada do outro. Onde se ia buscar as forças para atravessar a fronteira e andar 60 km de transportes publicos, quando nem uma chavena de chá conseguiamos fazer em casa?
No meu sonho de hoje era eu que esperava em casa, a ressacar, suava e não me mexia da cama, a contar os minutos e a calcular onde estaria, e se já estaria a voltar, a ficar chateado se demorasse mais do que eu normalmente demoraria, mas a dependencia dos transportes publicos tem destas coisas, o ver mais uma serie da BRITCOM no computador, o espreitar a janela mas nada.. acordei! Os suores na almofada foi a unica coisa transportada para a realidade, tudo o resto habita em mim como memória de algo que não tornará, pelo menos assim.
Fisicamente não tenho ressaca, quis assim começar o ano, embora não acredite no calendario. A cabeça está calma, feliz e com esperanças renovadas, embora frágil, daí os meus agradecimentos a todos que comentam.