CALDOS E CHUTOS

 

Nunca injectei, nao gosto. Alias quando tenho de dar sangue para analises, é sempre um filme para mim, atrofio e mudo de cor inclusivé. 

Tenho curiosidade, e prefiro arrepender do que fiz, do que pensar no que poderia ter feito. Nunca calhou, e como não acompanho com pessoas que consumam, muito menos injectem.

Uma vez, não há muito tempo decidi com um companheiro destas lides que iamos fazer lo juntos. Ele já tem experiencia nisto, embora há muito que não o faça, e quando o fazia era coca. Na minha casa tudo pronto menos limões, iamos chutar heroina. Sai de casa, no bairro onde morava havia muitos limoeiros e em 5 minutos ou menos que tardei, eis que a minha mãe apareceu e como se deus ou o destino, assim determinou que não era para ser naquele dia, e nisto já vão 2 anitos.

Nunca adoeci por ser toxicodependente, seja Hepatite ou HIV, embora já tivesse comportamenos de risco, sou muito cuidadoso e ciente da higiene e cuidados a ter aquando andamos neste carrocel de consumos. Alimento me bem, tento ser activo, e criativo, cuido da minha aparencia fisica com o aparar os pelos faciais (não me atrevo a chamar barba aos pelos, embora tenha um bigode denso e ja sou senhor de alguns cabelos brancos), cuido da minha roupa com brio, e atenção, assim como da minha filha. E saber que o meu comportamento mais prejudicial é ciclico, e que eventualmente passará, pois torna se insustentavel. 

Em suma, vendo para pagar contas e por ter uso, sendo a forma absurda de lidar com o stress de estar desempregado e com responsabilidades e dependentes das minhas acções. Sou escravo da minha própria condição, e sei disso. O ócio é o diabo.

2021 foi uma merda para a humanidade, expondo la como idiotas, e mostrou para quem quiser saber o quão gado graduado somos, pois assim agimos e somos tratados.

A fé cristã salvou me de uma vida triste e sem sentido.

adeus 2021

Após 5 anos sem fumar coca, ha 2 anos que o faço diria semanalmente.

De vez em quando dou a minha cabeçada, mas a minha cena é mesmo a escura..

Mirra me o corpo, é cara e já não tem a qualidade de antigamente.

inflação

 A droga é mais cara que o ouro!

Deambulações de uma moka de cavalo

 

2 anos seguidos a brincar aos traficantes, a vender para fumar. Foi o que me propus fazer: fumar o maximo que conseguisse, pois andar a gastar 25 euros numa 1\4, nao me satisfazia. Tinha tudo pronto e alinhado na minha cabeça, largava o parque onde arrumava carros e tirava mais dinheiro que os médicos cujos carros arrumava.. já fazia quase 3 meses que tinha feito a ultima cura no UDA em Olhão, uma rapariga do meu passado veio ao meu encontro para se afirmar, descobri pouco depois apaixonada por mim, trouxe me uma biblia tinha casa própria numa vila nos arredores de Évora, trabalho fixo na Misericórdia da zona como motorista geriátrica, e havia renascido cristã com uma fé evangélica, mal vista pela maioria católica que em tal comunidade habitava. Tal fé tornou-se um tópico comum e catalizador de nossas conversas de horas pelo telemóvel ou em video-chamada. Mas eu, queria descobrir o meu limite e consumir o que me apetecesse sem pensar muito nas consequencias de tal comportamento. Havia iniciado a epoca de confinamentos e eu com renda para sustentar a par de uma filhota que comigo habitava. 

2 anos de sustentabilidade, compras futeis e superfluas, roupa nova e uma férias de luxo em hote de 4*s em Peniche a 2.. 

Tão facil castelo de cartas desabar, em 2 semanas tudo acabou.. Fui apanhado com 4g de heroina ao sair de um autocarro, o ter de sair de casa onde morava por causa do andamento que havia, e mais pandemias. O que deu origem á minha reentrada no mercado de trabalho, viver de tatuagens ainda não me era posivel, embora tenha tido muitas obras realizadas, o lucro foi reenvestido em melhores materiais e ferramentas, e acresce o facto de nunca dar o passo para abrir algo ao publico, com todos os impostos e paneleirices que tal gesto me obrigaria, e por andar a consumir não conseguir ser produtivo de forma consistente e ter recusado trabalhos por não me achar em condições para executar com responsabilidade que se deseja nesta area, e eu reconhecer isso. questões de moral e ética associadas, e o brio profissional me obrigarem a repensar o modelo de labor. Só tatuo quando me apetece ou sinto que reuni as condicções necessárias para fazer um bom trabalho. 

www.paulinhotatuagem.blogspot.com ou meterem num motor de busca "paulinho tatuagem évora" marcações para 968709227

Há 4 meses comecei a trabalhar em limpezas industriais para uma pseudo empresa denominada Dinamicalegre e fazias limpezas para 2 Pingo Doces e uma oficina de motas Motospazio trabalhava 12 horas por dia o que perfazia 260 horas mensais o que deu ordenados por volta dos 950 a 1000 euros. Descobri em mim uma grande dinamica de trabalho, gosto pelo que fazia fosse limpar sanitas ou limpar motas. 

Mudei de casa, e por ironia do destino sinto me "obrigado" brincar aos dealers até recomeçar no novo trabalho como ajudante de electricista de 2a no inicio do proximo ano, para poder sustentar esta nova vida. (...)

No dia seguinte, eis de volta para mais deambulações entre cigarros seguidos, dar atenção de qualidade á minha cria, e cuidar de necessidades primarias, comer, higiene, descansar, e cuidar de quem de mim depende. Tratar de tudo o resto, da roupa lavada, estendida, seca, dobrada e arrumada após triagem por proprietários e depois por tipo de roupa. Gosto de roupa bem cuidada, pois é a nossa segunda pele e por tal, idem uma forma de sermos identificados socialmente, por exemplo fato de treino de marca, ou um fato de trabalho completo, andar de botas de biqueira de aço, ou com bata branca, capiche? 

Eu pessoalmente tenho um estilo próprio de vestir entre o confortavel e o irreverente sem demasiado impacto. gosto de combinar padrões e cores se possivel. Já a minha pequena, desde muito cedo adoptou idem um estilo pessoal, sem cair em modas pategas e teenagers, veste de preto de possivel e gosta de andar confortavel e de ténios por exemplo.

O brincar aos dealers tem a ver com ritmo, e continuidade. A descrição é teoricamente impossivel numa metropole como esta que caracterizo como aldeia grande. O que difere numa cidade para uma vila ou aldeia do ponto de vista social? Ao contrário do que geralmente se pensa, a resposta a tal questão tem a ver com relação dos seus habitantes entre si, e entre estes e a quantidade e qualidade dos serviços. Pode haver 1 milhão de habitantes mas se não há serviços de correio ou um hospital não passa de uma aldeia populosa. e se os habitantes de uma comunidade nao se conhecem entre si, isso faz com que habitem uma cidade.

vou jantar(...)

pandemia de droga

 Há algo em Eborae que faz com que haja muito toxicodependente per capita, ou seja em 60mil habitantes pelo menos 5% usa e abusa de drogas ditas pesadas com maior incidência para a coca cozida, AKA CRACK.

Como utente do CAT aqui do burgo, denominado Centro de Respostas Integradas, observo o aumento de clientes, acredito que 250 a 300 pessoas sejam lá utentes, os tipos que sabem que teem um problema de saude, embora se possa designar como saude mental, de comportamentos que para além de auto-destrutivos são questões de abuso de substancias psico activas ppois alteram o estado de consciencia, mas um problema social, que infere com o individuo em questão mas também o ciclo familiar, quando o há, a criminalidade, a comunidade, a segurança, e tudo o que exista ao redor de quem tem esta doença de comportamento aditivo, com rotinas que jogam á volta do consumo, venda, dos habitos. E porque a toxicodependencia é uma questão com muita profundidade e consequencias directas na comunidade onde existe, o CAT daqui é CRI pois cada caso, para ser confrontado socialmente tem de haver toda uma parafernalia a acompanhar cada caso. Por exemplo médicos especializado, enfermeiros, assistentes sociais, juristas, e ainda psicologos, psiquiatras.. este CAT cuida nao só de heroinomanos, mas de alcoolicos, da questao do tabaco. 

E porque em Portugal o consumo de droga foi descriminalizado, existe também um centro para a dissuasão para a toxicodependencia, mas a minha experiencia diz me que todo o tipo de drogas são postas no mesmo saco juridicamente, por exemplo se fores apanhado com uma ganzas no bolso pela policia, não vais entupir o sistema judicial com um problema desses em vez de ser julgado, és conduzido para uma entrevista com os psicologos desse centro que depois decidem qual será o melhor acompanhamento para o teu caso. O que faz com que nao sejam penalizado criminalmente por usares droga.

Outra questão que é cada vez mais visivel, mas por haver discriminação social e estigma, existe a dependencia de farmacos prescritos pelos médicos. E aqui o estrato social tem uma grande amplitude, desde a dona de casa viciada em calmantes ao gerente do banco viciado em ansiolíticos. A titulo de exemplo pessoal, o meu irmão critica me, e com razão eu usar cavalo, mas ele por ter problemas de saude nas costas com dores associadas e ele tem de tomar morfina para as dores..

(Alfentanil, Buprenorfina ,Codeína, Di-hidrocodeína, Fentanil, Heroína, Metadona, Morfina, Nalbufina ,Oxicodona, Petidina, Remifentanil, Sufentanil, Tramadol- 

NOS ESTADOS UNIDOS MORREM 9 PESSOAS POR HORA COM OVERDOSES)

E, por fim, a razão deste post, existe uma pandemia global nos paises ditos desenvolvidos, com o abuso de drogas e farmacos psico activos, sejam eles das mais diversas natureza e para cuidar dos mais diversos assuntos internos de cada utilizador, cada caso, é um caso. E por eu escrever sobre o meu caso, e ponto de vista pessoal sobre a grande questao da toxicodependencia e abuso de substancias neurocoisas, e o comportamento auto destrutivo, consciente ou não, não faz com que todos os que leem tenham exactamente o mesmo problema que eu, podemo nos identificar em certos aspectos que atravessam toda esta questao que é comum a muitos das mais diversas formas, e de forma empirica a maneira de lidar com a situação, difere. Há niveis para isto, seja no entendimento geral, seja no impacto em cada um de nós. E ainda o que existe de comum em todos nós desde o puto que fuma uma ganza, ao arrumador de carros, á velhota que mete Xanax como se fossem tremoços, do fumador de tabaco, ao bebado da tasca, ao viciado em sexo, tal deve ser a tendencia para abusar do que nos faz sentir bem, e por tal não seremos todos viciados em Endorfina? Há algo em nós humanos que se liberta no cerebro e quando sentimos prazer em algo, quimicamente essa hormona é produzida, quando comemos algo que gostamos, quando estamos apaixonados, tal processo acontece em nós, a diferença, creio é que o drogado não pensa tanto nas consequencias desse comportamento, e vai mais além para se sentir bem.

O QUE ME LEVA A QUESTÃO FUNDAMENTAL E PRIMORDIAL, QUE É :

Se sou amado, e querido pelos meus pares e próximos, não tenho dificuldades em estar bem comigo mesmo, e tirar satisfação das pequenas coisas belas da vida, tenho fé e vivo alegre e sem medo, porque uso cavalo? Não gosto de roubar, sou orgulhoso para pedir, sou saudavel a minha familia ama-me e eu a eles, porque procuro refugio na heroína? A nivel de trabalho, tornei-me tatuador embora e como sempre na minha vida não consiga viver apenas de arte, sou inteligente, tenho bom ar, tenho sexo. Tenho de perceber o que falta em mim, para eu complementar com este comportamento aditivo?

BOAS FESTAS A TODOS, BOAS MOKAS

eu

este sou eu hoje porque estou triste.. ou nao.eu

 

 

O excaroxo continua em piloto automatico. Sao mais de 700 visitas por mes, algo que me surpreendeu, e tambem nao.

As peripecias sao muitas, desde cuidar da minha pequena grande filha de 13 anos e boa aluna, uma ex-companheira e

 mae da pequena, toxica idem, e como a maioria das mulheres que consomem, passo a generalizacao, mas por observacao 

impirica, elas no que diz respeito a consumos sao muito pior que os homens.

 E tambem pela relacao que temos, pois ela empresta me dinheiro que nem sempre tenho, e usa tal alavancagem como

peso em negociacoes por quartas de cavalo. no que diz respeito á pequena, agradeço a Deus o facto de ela nao me criticar a 

condiçao de toxico, aceitar me nas minhas fraquezas e tudo fazer para manter a moral do lar em alta, da minha parte posso, 

e em minha defesa posso afirmar me como pai-galinha desde sua concepcao, que a protejo dos males do mundo, da pressao

que é ter ambos os progenitores como toxicos cronicos, consumidores habituais: eu, porque tambem vendo, ela porque eu tenho 

quase sempre.

Ha 3 dias atras S. como irei tratar daqui para a frente, mae da minha filha L., emprestou me 140eur para dar a minha voltinha á

margem sul, onde me oriento. Negócio tal me saiu caro, 4 meias, e 90eur, que ainda tenho de devolver..  o comercio (ao que agora 

chamarei ao trafico de cavalo) tem uma mecanica simples, e que depende de varios factores que nem sempre controlamos.

tratarei 1º de numerar os factores internos; qualidade.. se tiveres  bom duto, vendes sempre, quantidade.. se nao fores muito ferrado

e se tiver qualidade, o ppl volta sempre, onde vendes.. eu no meu caso vendo em casa, e como conectamos.. eu nao uso telemoveis, 

ou atendo para tal questao, uso redes sociais ou kolmis ou toques nao falo ao telemovel, a quem.. uso um circuito fechado de clientes

e nao atendo a ninguém novo, se tal acontece tento saber como chegaram até mim, pois quer dizer que houve uma falha no tal circuito.

Já faço comercio há cerca de 3 anos, desde que decidi que havia de fumar o que me apetecesse, o que ja fiz. já fui de ferias com L. para um hotel de 4 estrelas, e nao permito que faltem compras de supermercado, refeicoes, e tais necessidades basicas. minha filha,minha vida, a minha felicidade depende da dela. se eu continuar em low profile, e nao enriquecer, apenas sair de casa para ir ao supermercado, e pagar as minhas contas a tempo e horas, creio poder manter o estilo de vida sem grande alarido. 

Pois permitam me partilhar o que me vai na alma, do comercio, nao ha fotos pois é feito dentro de casa, nao ha telefonemas canosos, o circulo fechado com quem trato e cuido que nao ressaquem ou passem mal, dentro das minhas possibilidades e muitos deles considero amigos, (embora neste mundo cao, nao haver amizades.. salvo raras excepcoes), mesmo que a PJ saiba que eu vendo, e eu lembrando como outrora os que demais vendiam, foram apanhados, creio estar +- tranquilo, pois nunca carrego muito, prefiro fazer mais viagens e trazer menos que, como ja aconteceu, ir uma vez por semana e trazer dezenas de gramas. 

Onde vou, vai agora metade da cidade onde habito, o que por si é mau. logo tive de mudar rotinas e horarios de transportes usando alternativas nem sempre mais viaveis, mas diferentes. gosto de andar sozinho, e assim proteger me da calunia e difamaçao. Soudiscreto, apesar de ter um look um pouco estravagante, quem me ve tem de reparar bem nos pequenos sinais que mais de uma decada de heroina possa ter no nosso corpo. Nao ando sujo, nem saio sem lavar a cara ou os dentes que tento ao maximo proteger dos fumos.

Sou bem falante, bem disposto, e alto. tenho o corpo coberto com 13 tatuagens 12 delas feitas a mim mesmo e nenhuma se ve, a menos que eu queira que se vejam. Visto roupa da Pull and Bear 90% das vezes, tenho caracois, descolorados, e pouca barba na venta o queme ajuda a paracer mais novo..Vivo de tatuagem, comercio e de apoios sociais. 

comercios

 

O excaroxo continua em piloto automatico. Sao mais de 700 visitas por mes, algo que me surpreendeu, e tambem nao.

As peripecias sao muitas, desde cuidar da minha pequena grande filha de 13 anos e boa aluna, uma ex-companheira e mae da pequena, toxica idem, e como a maioria das mulheres que consomem, passo a generalizacao, mas por observacao empirica, elas no que diz respeito a consumos sao muito pior que os homens.

E tambem pela relacao que temos, pois ela empresta me dinheiro que nem sempre tenho, e usa tal alavancagem como peso em negociacoes por quartas de cavalo. no que diz respeito á pequena, agradeço a Deus o facto de ela nao me criticar a condiçao de toxico, aceitar me nas minhas fraquezas e tudo fazer para manter a moral do lar em alta, da minha parte posso, e em minha defesa posso afirmar me como pai-galinha desde sua concepcao, que a protejo dos males do mundo, da pressao que é ter ambos os progenitores como toxicos cronicos, consumidores habituais: eu, porque tambem vendo, ela porque eu tenho quase sempre.

Ha 3 dias atras S. como irei tratar daqui para a frente, mae da minha filha L., emprestou me 140eur para dar a minha voltinha á margem sul, onde me oriento. Negócio tal me saiu caro, 4 meias, e 90eur, que ainda tenho de devolver..  o comercio (ao que agora chamarei ao trafico de cavalo) tem uma mecanica simples, e que depende de varios factores que nem sempre controlamos. tratarei 1º de numerar os factores internos; qualidade.. se tiveres  bom duto, vendes sempre, quantidade.. se nao fores muito ferrado e se tiver qualidade, o ppl volta sempre, onde vendes.. eu no meu caso vendo em casa, e como conectamos.. eu nao uso telemoveis, ou atendo para tal questao, uso redes sociais ou kolmis ou toques nao falo ao telemovel, a quem.. uso um circuito fechado de clientes e nao atendo a ninguém novo, se tal acontece tento saber como chegaram até mim, pois quer dizer que houve uma falha no tal circuito.

Já faço comercio há cerca de 3 anos, desde que decidi que havia de fumar o que me apetecesse, o que ja fiz. já fui de ferias com L. para um hotel de 4 estrelas, e nao permito que faltem compras de supermercado, refeicoes, e tais necessidades basicas. minha filha, minha vida, a minha felicidade depende da dela. se eu continuar em low profile, e nao enriquecer, apenas sair de casa para ir ao supermercado, e pagar as minhas contas a tempo e horas, creio poder manter o estilo de vida sem grande alarido. 

Pois permitam me partilhar o que me vai na alma, do comercio, nao ha fotos pois é feito dentro de casa, nao ha telefonemas canosos, o circulo fechado com quem trato e cuido que nao ressaquem ou passem mal, dentro das minhas possibilidades e muitos deles considero amigos, (embora neste mundo cao, nao haver amizades.. salvo raras excepcoes), mesmo que a PJ saiba que eu vendo, e eu lembrando como outrora os que demais vendiam, foram apanhados, creio estar +- tranquilo, pois nunca carrego muito, prefiro fazer mais viagens e trazer menos que, como ja aconteceu, ir uma vez por semana e trazer dezenas de gramas. 

Onde vou, vai agora metade da cidade onde habito, o que por si é mau. logo tive de mudar rotinas e horarios de transportes usando alternativas nem sempre mais viaveis, mas diferentes. gosto de andar sozinho, e assim proteger me da calunia e difamaçao. Sou discreto, apesar de ter um look um pouco estravagante, quem me ve tem de reparar bem nos pequenos sinais que mais de uma decada de heroina possa ter no nosso corpo. Nao ando sujo, nem saio sem lavar a cara ou os dentes que tento ao maximo proteger dos fumos.

Sou bem falante, bem disposto, e alto. tenho o corpo coberto com 13 tatuagens 12 delas feitas a mim mesmo e nenhuma se ve, a menos que eu queira que se vejam. Visto roupa da Pull and Bear 90% das vezes, tenho caracois, descolorados, e pouca barba na venta o queme ajuda a paracer mais novo..Vivo de tatuagem, comercio e de apoios sociais. 

23 maio quadragésimo quarto aniversário

 Conto 14 anos de caroxisse, 44 de vida.

Festa patrocinada pela minha querida mãezinha, na casa do meu velhote, local de encontro habitual. 

O ultimo ano foi pautado, sobretudo por venda de cavalo num circuito fechado de conhecidos que me compram cavalo inflacionado pela circunstancia de lugar, com a venda feita em casa no meu estudio, onde idem tatuo, de forma a que me seja sustentado o meu consumo.

A partir de certa altura, decidi que havia de consumir tudo o que me apetecesse, sem pensar em contas e despesas, e inclusivé, após estar quase 5 anos sem dar na garrafa, recomecei de forma recreativa a fumar coca, chegando a gastar a certa altura, mais do que deveria, mas sempre com o medo do exemplo dos outros, que se deixavam levar pela branca e foderam o negócio todo. Eu também a dada altura, já andava em cada ida á "boca", fazer conta com a branca.

E os outros estavam, também a fazer conta e eu por influencia, também fazia conta deles fazerem conta. A dificuldade tem sido parar os consumos a cada volta, de branca, digo. 

A dada altura a brincadeira começou a cansar, as preocupações, com chibos, com a chance de ser roubado, dos fiados, da bófia, os vizinhos, os nervos, a tosse, a despreocupação e a preocupação, teve de parar. Uma semana.. a unica fonte de rendimento vir da venda de quartas, dá azo a um ciclo vicioso. Nem tenho tatuado como deveria, pois nunca me sinto a vontade da responsabilidade de deixar uma marca permanente na pele de alguém estando eu sob a influencia.

relações interpessoais toxicas amizade e amor

Acerca das relações inter pessoais na caroxisse

7horas da matina, e já recomeça a maluqueira. entre bolsas, 1/4s, 1/2s de branca, de escura, as pratas os isqueiros sempre sem gás, o comboio e os expressos. E a ponte do Tejo, por cima, por baixo, de um lado e outro.

O vizinho e companheiro de "viagens" trata de levar a minha pequena á escola, confio nela o suficiente, dada a educação dada tanto por mim, como pela mãe. A menina está comigo agora a maior parte das vezes.. Tem 13 anos, uma inteligencia emocional acima da média, e deve de estar farta idem de ouvir as pratas a soar. Não lhe escondo nada, embora com filtros, conto lhe a verdade de alguns factos, e acompanha o entra e sai de casa do circulo fechado com o qual mantenho as contas e consumos pagos.

Neste mundo, ao qual chamo cão, é me dificil manter as relações com os demais toxicos, nunca me identifiquei com o que nos une na condição de adictos. Desde que andava ao "cobre", ao andar no parque de estacionamento a vender senhas de parqueamento, ligeiramente diferente de arrumar carros, a viver de feiras e vender livros e discos, seja no pequeno trafico, sempre só. As mulheres que andam na vida da caroxisse, são poucas as que mantêm escrupulos e alguma auto estima, sobretudo ao falar de coca ou crack, mulheres agarradas á branca, são do piorio, desde vender sexo por um bafo, até vender o corpo por um bafo.. Os homens facilmente esquecem a higiene, e descuram o aspecto fisico e no limite e ao viver na rua, a roupa com que se deitam no chão pisado, é a roupa com que se mostram em publico, o chapéu e os ténis sujos aliados a uma barba enrastada, e um odor corporal cujo inverno disfarça são imagem de marca. 

Eu nao me posso desleixar, não uso roupa suja ou usada mais que 1 dia, tenho pouco pelo na venta e não gosto de fazer o bigode ou os poucos pelos na face com laminas por tal uso maquina de cortar cabelo, tomo banho com regularidade e mantenho um lar, onde possa cohabitar com a mina filha (que não tem culpa das minhas escolhas nem tem de conviver com tais caroxisses) e possa exercer o meu serio hobby de tatuar. 

A recente escolha pela induçao em metadona, permitir-me-á viver de forma mais regular, e com consumos regulados..(dont get high on your own supply)

Deve ser a 6ª vez que entro para programa de metadona, tive 2 vezes na UDA, e uma vez em programa de buprenorfina ou subotex. Para além das paragens forçadas, que idem, foram uma quantas. Sendo a ultima há menos de 1 ano em que no pico da ressaca ou seja 48 a 72 horas de abstinencia até dava saltos na cama, tal não eram os consumos. Sorte foi haver uma receita médica de alguns medicamentos que aliviaram os sintomas, dada á mãe da minha pequena, minha amiga e confidente duma vida caroxa emigrada e cuja cumplicidade tóxica nos une, pelas peripécias unicas juntos, e minha mãe que se dispôs a ajudar me,(pela ultima vez) a ir buscar a receita e cuidar do que sobrava de mim entre diarreias e vómitos e pulos na cama desfeita pela inquietude fisica.

Ou seja, a experiencia da toxicodependencia é algo pessoal, como uma viagem por sitios onde nunca estivemos e que pelo qual sozinhos experienciamos. Se calhar, por tal, não tenha paciencia para ouvir lamentos alheios, e dada a natureza da relação com quem sou "forçado" a lidar. Ao vender tenho o poder da alavancagem na relação que o pequeno trafico me dá.

porque hoje é sexta feira

 

Na verdade tou cansado desta vida de caroxo, perdi a conta das vezes que tentei deixar de consumir.

A titulo de exemplo não bebo alcool ha 6 anos, e estive sem fumar coca 4 ou 5 anitos. aquando da primeira ida para a UDA percebi o que 

era o vicio do alcool, rapazes nos vintes e pouco fisicamente torcidos e sem força, psicologicamente enfraquecidos, pois a realidade

o alcool é uma droga perigosa pela aceitação social e disponibilidade circunstancial, ou seja, em qualquer esquina há um sitio onde se vende livremente e, com menos de 1 euro pode-se beber um bagaçinho, ou um shot de tinto. 

Na minha relação com a coca cozida (ver link), ou crack, estive imenso tempo a ver fumar a meu lado e a repetir para mim mesmo que não gostava( de facto gosto, mas nao sabia lidar com a falta, tal a ansiedade que surgia em mim, ansioso por natureza que sou.

Numa viagem á da Tia, onde perdi transporte para regressar de Almada para Évora, resignei me a passar a noite em sua casa, e nessa ocasião resolvi aceitar dar um bafinho para matar saudades duma boa "garrafada", ora assim foi, sobrava me dinheiro e com bilhete de comboio pago para regressar na manhã seguinte, pedi á Tia para ir buscar uma 1/2g para nós, que seria a noite onde eu iria curtir umas gasosas, e mais 1, e mais outra, e por aí fora até gastar o resto de dinheiro que ainda me sobejava.

Desde então e já lá vão 7 meses, a cada vez que me vou orientar fora do local onde vivo, faço sempre conta com umas 2 ou 3 1/2´s gramitas de branca feita.

Mas tenho medo dela, pois eu tal como muitos de nós temos a tendencia para fazer muito aquilo que gostamos, tal hedonismo! Mesmo que nos seja prejudicial, o prazer endorfinico sobrepõe se á vontade de nao o fazer. A branca na garrafa é fudida! Mas se tivermos cavalo para amoinar, é perfeito! a ansiedade não é tão insuportavel, e o flash que o bafo provoca é unico, dificil é arranjar boa coca e sobretudo bem cozida.. ou é sintetica, ou vem muito cortada, ou vem com muito amoniaco o que nos rebenta o sistema respiratório.( há uns aninhos atrás, fiquei com uma mancha num pulmão por causa duma branca mal cozida provavelmente mal seca. Quando isso acontece abrir um saco de branca feita e tiver um cheiro muito intenso a amoniaco pode ser lavada com agua, o processo é simples e semelhante ao processo de cozedura mas com menos calor e uma gotas de agua na colher de modo a diluir o excesso de amoniaco.

Mas a minha cena é mesmo cavalo, gosto mesmo. Quando vim da clinica da ultima vez fumava e fazia 4 coisas ao mesmo tempo lia a biblia, debatia terra plana nas redes sociais, desenhava, enquanto fazia o jantar.. agora fumo e não faço um caralho. E embora saiba que não me posso deixar levar, e desleixar me a todos os niveis pois tenho responsabilidades e uma cria que depende de mim. Coisas tão simples como tomar banho, arrumar a casa, ir as compras, cuidar da cria adolescente e ter tempo para lhe dar atenção. Tenho casos de amigos que faziam o mesmo estilo de vida de que eu, mas que vivem na rua ha 3 anos, e que se estão a cagar para o seu aspecto fisico, o odor corporal e que já desistiram da vida. Luxo qual eu não me permito. E aqui existe uma situação delicada, somos todos TOXICODEPENDENTES, mas não somos todos iguais. Partihamos a mesma condição, mas o ego a mim não me permite roubar, prejudicar alguém directamente, para que eu possa satisfazer o meu vicio, já outros roubam, mentem, não comem, vendem o corpo até, em casos extremos diria.

Dentro das poucas pessoas com quem lido neste mundo, há os que conseguem manter o status quo com trabalho assente em carreiras profissionais, gerem familias e relações sociais escondendo a tal condição, e no oposto existem os que pedem na rua e como já referido vendem o corpo. Logo e apesar de termos a mesma condição patológica, pois sejamos sinceros isto é uma doença crónica. E o estigma é muito, e a desinformação ainda maior. A toxicodependencia não escolhe idades, estratos sociais, genero, ou cultura basta haver oportunidade aliada a uma predisposição genética para o abuso hedónico, e a escolha do prazer quimico, pela libertação de endorfinas pelo uso de drogas.

O problema do uso a longo prazo será o nosso organismo deixar de libertar endorfinas sem apoio "externo", e o sentir vazio aquando do deixar de usar. O que acontece com frequencia é substituir drogas por alcool, por sexo, ou por outros meios de onde possamos preencher o vazio que a nova realidade nos traz. é FUDIDO!

  

15 anos de heroina

Poderia falar da ressaca, das compras e vendas, das viagens, das mocas, das trips, das pessoas neste mundo, ao qual chamo cão, dos CAT, dos CRI, da disuasão para toxicidade, mas nao, depois de vir espreitar o blog Excaroxo, descobri que tinha mais de 500 pessoas por mes! isto sem postar nada em exactamente 1 ano.

Sou pai de uma criança fantastica de 13 anos, que de certa forma aceita a condição de toxicodependente, vivemos juntos numa casa sem divisoes , senão para a casa de banho, e os espaços são divididos por cortinas mal penduradas. Se ela na sala , eu na cozinha, e sempre a questionar se ela sente o cheiro a heroina fumada( ela detesta o fumo de tabaco, quanto mais o do cavalo) Ainda assim nunca me recriminou pela condição de toxico, somos os melhores amigos e nõ lhe escondo nada pois sei que sua maturidade permite encaixar as minhas aventuras sexuais, e maluqueiras que as trips de heroina me desinibem. 

Da ultima tentativa de desabituação, em Olhão na UDApara (anacronismo para Unidade de Desabituação do Algarve) feita em Outubro de 2019, fiz o desmame de metadona 30ml. 

No inicio desse fatidico ano 2019 em janeiro estava com uma dose de 70ml que considerava alta, e a fartura que tinha das idas ao CAT  de évora cuja partiucularidade que tem é de ser um CAT de Alto Limiar, ou seja, os protocolos na relação com os utentes são diferentes, para mais exigentes diga-se, e o fazer 4 km para ir ao CAT mais 5 km para ir laborar, na venda de senhas de estacionamento, labor qual deixei ha cerca de 1 ano e meio, mais 4km para casa fazia a rotina do qual cansei. 

A ida para a UDA de Olhão foi positiva pela camaradagem, e encontros sexuais que não são permitidos, com o risco de ser expulso do programa. Mas o processo de desabituação aconselho, por ser barato, por ter rotinas e sobretudo não sofrer a abstinencia por haver medicação e os 9 dias passaram a voar. O problema é que a ressaca de metadona mesmo a 30 ml nunca é menos de 3 semanas ( razão de metadona dse tardar tanto no corpo é de que os opiaceos que nós produzimos no nosso organismo são muito parecidos á metadona que é um opiaceo feito sinteticamente, logo custa mais tempo a sair do organismo, já uma ressaca de heroina demora menos de 1 semana). O sair da UDA "limpo" com um neuroléptico para ajudar a quebrar ritmos e não ter tanta vontade de consumir. Mas que ainda ressaquei umas 2 semanitas, ressaquei.. Nessa altura experimentei assistir ás reunioes dos NA, pois creio que fazer as mesmas coisas e aguardar resultados diferentes é a definição de loucura,

excaroxo 2021

 

tudo na mesma, agarrado, recaido, e recomecei a metadona com 40 ml.

Tatuagem como ocupacao, larguei o arrumar carros, e tenho a minha filhota comigo, numa casa tipo estudio onde habito ha 1 ano.