10 maio 2021

relações interpessoais toxicas amizade e amor

Acerca das relações inter pessoais na caroxisse

7horas da matina, e já recomeça a maluqueira. entre bolsas, 1/4s, 1/2s de branca, de escura, as pratas os isqueiros sempre sem gás, o comboio e os expressos. E a ponte do Tejo, por cima, por baixo, de um lado e outro.
O vizinho e companheiro de "viagens" trata de levar a minha pequena á escola, confio nela o suficiente, dada a educação dada tanto por mim, como pela mãe. A menina está comigo agora a maior parte das vezes.. Tem 13 anos, uma inteligencia emocional acima da média, e deve de estar farta idem de ouvir as pratas a soar. Não lhe escondo nada, embora com filtros, conto lhe a verdade de alguns factos, e acompanha o entra e sai de casa do circulo fechado com o qual mantenho as contas e consumos pagos.

Neste mundo, ao qual chamo cão, é me dificil manter as relações com os demais toxicos, nunca me identifiquei com o que nos une na condição de adictos. Desde que andava ao "cobre", ao andar no parque de estacionamento a vender senhas de parqueamento, ligeiramente diferente de arrumar carros, a viver de feiras e vender livros e discos, seja no pequeno trafico, sempre só. As mulheres que andam na vida da caroxisse, são poucas as que mantêm escrupulos e alguma auto estima, sobretudo ao falar de coca ou crack, mulheres agarradas á branca, são do piorio, desde vender sexo por um bafo, até vender o corpo por um bafo.. Os homens facilmente esquecem a higiene, e descuram o aspecto fisico e no limite e ao viver na rua, a roupa com que se deitam no chão pisado, é a roupa com que se mostram em publico, o chapéu e os ténis sujos aliados a uma barba enrastada, e um odor corporal cujo inverno disfarça são imagem de marca. 
Eu nao me posso desleixar, não uso roupa suja ou usada mais que 1 dia, tenho pouco pelo na venta e não gosto de fazer o bigode ou os poucos pelos na face com laminas por tal uso maquina de cortar cabelo, tomo banho com regularidade e mantenho um lar, onde possa cohabitar com a mina filha (que não tem culpa das minhas escolhas nem tem de conviver com tais caroxisses) e possa exercer o meu serio hobby de tatuar. 
A recente escolha pela induçao em metadona, permitir-me-á viver de forma mais regular, e com consumos regulados..(dont get high on your own supply)
Deve ser a 6ª vez que entro para programa de metadona, tive 2 vezes na UDA, e uma vez em programa de buprenorfina ou subotex. Para além das paragens forçadas, que idem, foram uma quantas. Sendo a ultima há menos de 1 ano em que no pico da ressaca ou seja 48 a 72 horas de abstinencia até dava saltos na cama, tal não eram os consumos. Sorte foi haver uma receita médica de alguns medicamentos que aliviaram os sintomas, dada á mãe da minha pequena, minha amiga e confidente duma vida caroxa emigrada e cuja cumplicidade tóxica nos une, pelas peripécias unicas juntos, e minha mãe que se dispôs a ajudar me,(pela ultima vez) a ir buscar a receita e cuidar do que sobrava de mim entre diarreias e vómitos e pulos na cama desfeita pela inquietude fisica.
Ou seja, a experiencia da toxicodependencia é algo pessoal, como uma viagem por sitios onde nunca estivemos e que pelo qual sozinhos experienciamos. Se calhar, por tal, não tenha paciencia para ouvir lamentos alheios, e dada a natureza da relação com quem sou "forçado" a lidar. Ao vender tenho o poder da alavancagem na relação que o pequeno trafico me dá.



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